1. A boa: um dos idiot...criativos deste blog resolveu responder a um desafio da revista Sábado, que consistia em preencher espaços em branco de um texto sobre o eurodeputado Vital Moreira - que o próprio deputado, sabe-se lá porquê, se recusou a preencher à última hora.
A Sábado tem concursos porreiros, pá.
2. A má: Cerca de 30%(!!!) das 58 entradas seleccionadas são idênticas às do "criativo" dos PD.
A Sábado tem malta com muito mau gosto, pá.
Quem quiser ver o texto final, composto pelas melhores frases, consulte a Sábado da passada semana (18/06/2009).
Quem quiser ver o pior texto de todos os que foram enviados, tem de pedir-nos com carinho...
Ou não. A gente transcreve-o só pelo amor à autoflagelação.
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(Entrevista a Vital Moreira. A negrito os espaços em branco preenchidos por nós)
Bruxelas é uma cidade que me dá frieiras. Sempre que aterro na capital da Bélgica, penso: “Com a breca, já está.” E bato palminhas. A partir de agora, a minha vida será entre Nelas, Bucelas, Bruxelas e todos os recantos europeus com a particularidade fonética de terminar em “elas”, com uma ida por mês a Estrasburgo. Essa viagem mensal obrigatória à vila francesa para a reunião do plenário do Parlamento Europeu é mensal porque ocorre uma vez por mês. Mas isto são questões de fazer as contas. O que me interessará verdadeiramente daqui em diante é ver miúdas giras.
A primeira coisa que farei no Parlamento Europeu será descalçar os sapatos, por pensar que é absolutamente essencial que o sangue circule. Somos portugueses, portanto também terei em grande atenção a busca do burrié com o indicador e o afagar de nádega. Sou de esquerda, sempre fui, por isso a minha expectativa é que o grupo do Partido Socialista Europeu desista da gravata e comece a fumar coisas esquisitas. Comparado com o PS português, os outros socialistas europeus são uns meninos.
Não será difícil, para mim, entender-me com os meus colegas estrangeiros, porque falo todas as línguas, excepto português, e já vivi fora do País, em Peniche. Os professores de Direito costumam ser mal vistos em universidades europeias, portanto, eu terei como plano B estacionar viaturas.
A minha maior curiosidade sobre o que vou encontrar no trabalho parlamentar é saber onde se vai sentar aquela eurodeputada italiana. E os lóbis, como é que vou lidar com a pressão dos lóbis, que são às centenas? Vou ligar ao Dr. Dias Loureiro. Esta é uma questão que deve ser tratada por profissionais. Os lóbis em Portugal deviam chamar-se “pressões”, porque “lóbi” é nome de cão abichanado.
Aquilo que mais me exaspera nas instituições comunitárias é começarem as reuniões a horas. Por isso, espero que alguém tenha o bom senso de se atrasar.
Vou estar sempre disponível, tal como estive para a SÁBADO, para o contacto com os eleitores e com os cidadãos. A minha janela para a comunicação com os europeus vai ser através do meu blog. Aguardo contribuições e ideias para bajular o Eng. Sócrates.
De Portugal vou sentir falta de ofender a Direita, apesar de continuar a escrever aos fins-de-semana. Os meus netos depois actualizam os “posts”. Se entretanto tiver um convite interessante para voltar a fazer política no País, vou achar que a pessoa não viu esta campanha. E vou recusar. O mandato de eurodeputado é mais sossegadinho.
Nos próximos cinco anos, no pouco tempo que tiver livre, espero poder ir ver aquele menino que faz xixi, porque a vida não é só política e trabalho. Com a azáfama de eurodeputado, a minha paixão pela fotografia vai cingir-se a eurodeputadas italianas. E como Bruxelas fica no coração da Europa, seria interessante apanhar um comboio e ir fazer fotos nocturnas para Amesterdão.
E assim se chega ao fim de uma campanha eleitoral. Do ponto de vista físico, aos 64 anos, isto é como fazer marcação homem-a-homem ao Bruno Alves. Psicologicamente, com a pressão mediática e o stresse da agenda, a campanha é pior que uma entrevista da Manuela Moura Guedes.
O aspecto mais gratificante desta correria pelo País foi ser reconhecido pelas criancinhas e orgulho-me de ver futuros eleitores a cantar-me o “Fantasminha Brincalhão”. Aquilo que mais me desagradou nos últimos 15 dias deve-se a ter sido duplamente molestado: na rua e nas urnas. E, como não somos infalíveis, claro que cometemos erros. O meu foi ter sido perfeito. Se pudesse voltar atrás teria continuado perfeito, que estas coisas são inatas.
À direita, os meus adversários do PSD foram uns queixinhas na campanha, enquanto os do CDS foram muito queixinhas. À esquerda, o Bloco foi extremamente queixinhas e o PCP bateu-me. Quando nos cruzarmos nos aviões, vou pensar: “Mas desde quando é que a Ilda tem dinheiro para viajar em executiva?”
No que diz respeito à polémica do imposto europeu para financiar o orçamento comunitário, a partir de agora vou aprender a estar caladinho. Espero que a Irlanda repita referendos até ratificar o tratado de Lisboa, que a Islândia se dedique à pesca e que Durão Barroso se dedique à Islândia. Para bem da Europa, desejo que os ingleses tomem banho, que a França vote na Carla Bruni e que a Alemanha ensine às suas cidadãs a arte da depilação.
Para terminar, só gostava de revelar que eu não sou o Avô Cantigas, porque ninguém ficou a saber isso durante a campanha. Daqui a cinco anos eu vou voltar. Tenham medo, tenham MUITO MEDO!