quarta-feira, 24 de junho de 2009

"Semos" uma estrela!

Amigos, com muito gosto informo de duas notícias:

1. A boa: um dos idiot...criativos deste blog resolveu responder a um desafio da revista Sábado, que consistia em preencher espaços em branco de um texto sobre o eurodeputado Vital Moreira - que o próprio deputado, sabe-se lá porquê, se recusou a preencher à última hora.
A Sábado tem concursos porreiros, pá.


2. A má: Cerca de 30%(!!!) das 58 entradas seleccionadas são idênticas às do "criativo" dos PD.
A Sábado tem malta com muito mau gosto, pá.



Quem quiser ver o texto final, composto pelas melhores frases, consulte a Sábado da passada semana (18/06/2009).


Quem quiser ver o pior texto de todos os que foram enviados, tem de pedir-nos com carinho...

Ou não. A gente transcreve-o só pelo amor à autoflagelação.


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(Entrevista a Vital Moreira. A negrito os espaços em branco preenchidos por nós)

VOU SENTIR FRIOZINHO

Bruxelas é uma cidade que me dá frieiras. Sempre que aterro na capital da Bélgica, penso: “Com a breca, já está.” E bato palminhas. A partir de agora, a minha vida será entre Nelas, Bucelas, Bruxelas e todos os recantos europeus com a particularidade fonética de terminar em “elas”, com uma ida por mês a Estrasburgo. Essa viagem mensal obrigatória à vila francesa para a reunião do plenário do Parlamento Europeu é mensal porque ocorre uma vez por mês. Mas isto são questões de fazer as contas. O que me interessará verdadeiramente daqui em diante é ver miúdas giras.



A primeira coisa que farei no Parlamento Europeu será descalçar os sapatos, por pensar que é absolutamente essencial que o sangue circule. Somos portugueses, portanto também terei em grande atenção a busca do burrié com o indicador e o afagar de nádega. Sou de esquerda, sempre fui, por isso a minha expectativa é que o grupo do Partido Socialista Europeu desista da gravata e comece a fumar coisas esquisitas. Comparado com o PS português, os outros socialistas europeus são uns meninos.



Não será difícil, para mim, entender-me com os meus colegas estrangeiros, porque falo todas as línguas, excepto português, e já vivi fora do País, em Peniche. Os professores de Direito costumam ser mal vistos em universidades europeias, portanto, eu terei como plano B estacionar viaturas.


A minha maior curiosidade sobre o que vou encontrar no trabalho parlamentar é saber onde se vai sentar aquela eurodeputada italiana. E os lóbis, como é que vou lidar com a pressão dos lóbis, que são às centenas? Vou ligar ao Dr. Dias Loureiro. Esta é uma questão que deve ser tratada por profissionais. Os lóbis em Portugal deviam chamar-se “pressões”, porque “lóbi” é nome de cão abichanado.

Aquilo que mais me exaspera nas instituições comunitárias é começarem as reuniões a horas. Por isso, espero que alguém tenha o bom senso de se atrasar.
Vou estar sempre disponível, tal como estive para a SÁBADO, para o contacto com os eleitores e com os cidadãos. A minha janela para a comunicação com os europeus vai ser através do meu blog. Aguardo contribuições e ideias para bajular o Eng. Sócrates.



De Portugal vou sentir falta de ofender a Direita, apesar de continuar a escrever aos fins-de-semana. Os meus netos depois actualizam os “posts”. Se entretanto tiver um convite interessante para voltar a fazer política no País, vou achar que a pessoa não viu esta campanha. E vou recusar. O mandato de eurodeputado é mais sossegadinho.



Nos próximos cinco anos, no pouco tempo que tiver livre, espero poder ir ver aquele menino que faz xixi, porque a vida não é só política e trabalho. Com a azáfama de eurodeputado, a minha paixão pela fotografia vai cingir-se a eurodeputadas italianas. E como Bruxelas fica no coração da Europa, seria interessante apanhar um comboio e ir fazer fotos nocturnas para Amesterdão.


E assim se chega ao fim de uma campanha eleitoral. Do ponto de vista físico, aos 64 anos, isto é como fazer marcação homem-a-homem ao Bruno Alves. Psicologicamente, com a pressão mediática e o stresse da agenda, a campanha é pior que uma entrevista da Manuela Moura Guedes.

O aspecto mais gratificante desta correria pelo País foi ser reconhecido pelas criancinhas e orgulho-me de ver futuros eleitores a cantar-me o “Fantasminha Brincalhão”. Aquilo que mais me desagradou nos últimos 15 dias deve-se a ter sido duplamente molestado: na rua e nas urnas. E, como não somos infalíveis, claro que cometemos erros. O meu foi ter sido perfeito. Se pudesse voltar atrás teria continuado perfeito, que estas coisas são inatas.



À direita, os meus adversários do PSD foram uns queixinhas na campanha, enquanto os do CDS foram muito queixinhas. À esquerda, o Bloco foi extremamente queixinhas e o PCP bateu-me. Quando nos cruzarmos nos aviões, vou pensar: “Mas desde quando é que a Ilda tem dinheiro para viajar em executiva?”



No que diz respeito à polémica do imposto europeu para financiar o orçamento comunitário, a partir de agora vou aprender a estar caladinho. Espero que a Irlanda repita referendos até ratificar o tratado de Lisboa, que a Islândia se dedique à pesca e que Durão Barroso se dedique à Islândia. Para bem da Europa, desejo que os ingleses tomem banho, que a França vote na Carla Bruni e que a Alemanha ensine às suas cidadãs a arte da depilação.


Para terminar, só gostava de revelar que eu não sou o Avô Cantigas, porque ninguém ficou a saber isso durante a campanha. Daqui a cinco anos eu vou voltar. Tenham medo, tenham MUITO MEDO!

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Carta aberta a Jorge Jesus

Jesus,

Deves achar estranho porque Te estou a escrever e nem sequer é Natal. No entanto, desta vez não venho pedir Playstations, não quero nenhum LCD e há muito que já perdi o fascínio por bonecas insufláveis, para ser mais preciso há 14 dias.

Estou-Te a escrever porque Te quero agradecer por teres ouvido as minhas preces. Só Deus – que é como quem diz, o Teu Paizinho – sabe a quantidade de Domingos que eu passei na igreja a clamar “Glória a Jesus! Glória a Jesus!” e a pensar “…e Jesus no Glorioso! E Jesus no Glorioso!”

Grande Jesus, escolheste o clube certo. Os outros intitulam-se “grandes”, mas grande à Tua dimensão só mesmo o Benfica.
O Porto também não era mau, porque nota-se que ali há gente humilde e solidária: aquela malta recebe qualquer pessoa que tenha problemas pessoais. E um apito na boca.
Agora o Sporting, Jesus? Livraste-Te de boa: se aquele plantel soubesse que lá estava Jesus, 90% do treino eram para Te fazerem queixinhas e os outros 10% eram para o João Moutinho Te pedir um Action Man e o Miguel Veloso dizer-Te que o Miguel Veloso pediu-Te para tu lhe dares uma Barbie.

Podes ter alguns problemas de adaptação ao princípio, nomeadamente com o público feminino. Admite: Tu podes ser Jesus, mas para o mulherio benfiquista o Quique era Deus.
Queres um conselho? Esquece isso. O público macho está contigo.
Nomeadamente os casados.

Deixa-me agora que Te diga que, no que depender de mim e dos verdadeiros sócios e simpatizantes do SLB, vais ter paz. Assim como vamos ter paciência para Ti, espero que tenhas paciência para as nossas idiossincrasias, e para a carrada de piadinhas que vais ouvir (parece impossível, mas acredita que há palermas que vão escrever a brincar com o facto de Te chamares Jesus.
Ridículo.)


Como a malta benfiquista já conhece as piadas e gozos todos de cor, derivado de já termos sido presididos por João Vale e Azevedo, vou-te pôr ao corrente de algumas situações que sei de antemão que vão acontecer na próxima época:

1. Todas as capas de Jornais vão associar qualquer efeméride futebolística benfiquista à tua religiosidade, com tiradas do estilo:

- “Nem Jesus os salva”;
- “Aquela defesa é um ‘Ai Jesus’!”
- “Aleluia! Balboa marca um golo”;
- “Jesus dá sermão ao plantel”
- “ Sporting 0 – Benfica 5: Jesus é um Senhor”

2. Ninguém vai querer saber quando fazes anos: toda a gente Te vai dar os parabéns no Natal;

3. No fim-de-semana da Páscoa, até podes ir à frente do campeonato e ganhar a taça da Liga, mas as televisões vão sempre passar filmes de Ti a ser crucificado.
Conselho: desliga a TV na Sexta-feira Santa. E no Sábado de Aleluia. E já agora, no Domingo de Páscoa;

4. No fim do campeonato, não interessa se és campeão. Vais sempre ver lenços brancos. Não Te assustes, que ninguém Te quer mandar embora: são os festejos do 13 de Maio.
“E quem é que Me garante isso”, pensarás Tu. E eu respondo-Te: o Teu instinto. Usa bem os Teus sentidos, e tenta perceber a origem dos milhares de lenços brancos que fores vendo. Porque há uma grande diferença entre dois benfiquistas transtornados a dizer “Oh Jesus, vai para casa!” e duas benfiquistas beatas a cantar “Avé, Avéé, Avé Mariiiiiiaaaaaa…”
Pensa nisto com carinho.


Permite-me que termine com um elogio: gosto do Teu cabelo, pá. Confesso que à primeira vista parece um erro de casting de cabeleireiro, metade pintado de branco e outra metade com raízes pretas. Mas à segunda vista já só parece feio.
E gosto porque sinto que é essa Tua vicissitude capilar que me garante cá dentro que vamos ser campeões. Jesus, a História do Benfica campeão é feita de animais da bola. Sempre foi, desde o Pantera Negra nos anos 60 à Velha Raposa em 2005.
Agora, depois de 4 anos perdidos com indivíduos pouco zoófilos, chegou a Zebra da Táctica. Estou confiante!


Deste sócio e fã,


Juvelino

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Obras Púb(l)icas

O português às vezes é um povinho deveras eufemista:
• Se está a trovejar e a chover granizo, dizemos que “O tempo está meio farrusco”;
• Se um aluno espanca duas professoras, sete colegas de turma e quatro auxiliares de educação, dizemos que é um “inadaptado”;
• Se torcemos um pé a sair de casa, depois deixamos papéis importante voarem da pasta, depois caímos a entrar para o comboio, depois caímos a sair do comboio, depois caímos sem sequer já estarmos no comboio, depois apanhamos uma chuvada que nos parte o chapéu e nos encharca o melhor fato, depois chegamos atrasados ao emprego e somos despedidos, depois saímos do escritório e somos atropelados por um carro que nos parte as pernas, depois ficamos com fracturas expostas, depois somos operados de emergência às cataratas porque alguém trocou os processos, e depois, à hora da visita, vêm os nossos familiares e têm A LATA de nos perguntar: “Então, como é que está a correr o dia?”… dizemos sempre: “Vai-se andando”.

Só pode ser por esta tentação inata de minimização que chamamos “derrapagens” aos buracos orçamentais das Obras Públicas. Porque uma “derrapagem” está relacionada com algo que desliza mais do que o esperado. Obras Públicas não deslizam mais do que o esperado. Obras Públicas estatelam-se. Sempre. É o tipo de viagem em que toda a gente já sabe que aquilo vai bater antes sequer de ligarmos o motor.
Isso não é “derrapagem”.
Isso é “espetanço premeditado”.

Ora após esta erudita dissertação de âmbito semântico vamos aos factos: na última semana foi noticiada a auditoria de 5 Obras Públicas pelo Tribunal de Contas, que concluiu que o espetanço orçamental total foi de cerca de 241 milhões de euros.
Eu repito: Duzentos-e-quarenta-e-fosse-eu-a-mandar-era-tudo-corrido-à-paulada-E-UM euros. Para se ter noção do escândalo, dava para comprar dois Cristianos Ronaldos e meio.
Excepto se fosse o Estado português a comprar. Aí, dava para ORÇAMENTAR 2,5 CR7.
Depois para o comprar seguiam-se os trâmites normais nestes processos:
1. Alguém se atrasava com os fundos;
2. Geravam-se empréstimos elevados com juros monstruosos;
3. Punha-se uma providência cautelar porque o Ronaldo corre muito rápido e assusta os flamingos do estuário do Tejo;
4. Descobria-se um projecto de erros que alguém diligentemente colocou numa gaveta e ao qual ninguém ligou porque, apesar de dizer “PROJECTO DE ERROS”, estava mesmo ao lado de um exemplar da Playboy com a Cláudia Jacques.

No fim de contas, 241 milhões de euros dava, à vontadinha, para comprar uma nádega do CR7.
O que, bem vistas as coisas, é menos do que ele deixou na casa da Paris Hilton.

No fundo, é como eu disse no início: o português às vezes é um povinho que exagera.