segunda-feira, 10 de agosto de 2009

O Algarvio, esse soldado anti-crise

Hoje deu-me para meditar sobre a crise. O tempo está bom, as férias estão óptimas, já vislumbro ao espelho um indivíduo dermatologicamente tonalizado de "bronze desocupado" e o Benfica fez a melhor pré-época dos últimos, vá lá... 500 anos.
Bolas, já estava com saudades de uma desgraçazinha.

Após pensar muito sobre o assunto, deu-me para concluir com: ninfomaníacas e algarvios.

Primeiro, porque passar uma crise económica é como viver com uma ninfomaníaca: o truque é ter força, potência, resistência e bastante elasticidade. E sobretudo, aguentar-se de pé.
Se no meio ainda der para dizer “Oh, sim, crise, continua, está-me a saber que nem ginjas!”… óptimo.

Segundo, porque uma crise exige adaptabilidade. E dificilmente existirá um melhor case study de adaptabilidade que o Algarvio.

Atente o(a) leitor(a) no seguinte: conhece algum Algarvio que não saiba falar inglês? Certamente que não. Vislumbra algum Algarvio que, mesmo sendo analfabeto, não saiba ler inglês?! Impossível.
Atrevo-me inclusive a dizer, sem qualquer base estatística mas com o sentimento de convicção que acompanha sempre os ignorantes, que o inglês é de longe o idioma estrangeiro mais dominado no Algarve, à frente do francês, do alemão e do português de Cascais.

Ora surge então a pergunta: o que raio leva o Algarvio a dominar a língua dos bifes? Será um gosto especial por pessoas que põem o volante no lado onde o português põe a mulher? Será o fascínio por apanhar escaldões de meia-noite e andar 90% das férias de manga à cava com uma ventoinha nas costas e 5 litros de Caladryl nos braços?
Não me parece. O Algarvio aprende inglês porque dá dinheiro. Porque viu uma oportunidade. E ao contrário do típico português, fez-se o que se deve fazer em cenários de oportunidade: foi à luta e formou-se.

Interessa agora saber se o Algarvio se formou em inglês no Cambridge ou nos bares da Oura? Se aprendeu num sítio de línguas ou a meter a língua em sítios? Se o método de estudo iniciava com a aprendizagem de “How do you do? My name is Jaquim” ou com a interiorização de “Oh my God! Bang me from behind, you portuguese stallion!”?
Certo que não. O que interessa são os resultados.

Claro que existirão sempre “Velhos do Restelo” que afirmam que não, que a crise não tem cura, que apanha toda a gente, e que se calhar até o Algarvio não é autodidacta, é descendente de camones – atire a primeira pedra quem nunca ouviu a rainha Isabel dizer aos netinhos: “Oh Will and Harry, you bloody marafades”)

Eu cá não comungo de tal amorfismo. E se o leitor também não comunga, faça como eu: pense no Algarvio e vá à luta. Nem que isso signifique ter formação numa luxuosa suite algarvia com uma formadora loura, peituda e sexualmente desenfreada.

A crise exige sacrifícios, com a breca!

PD

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