quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Irritado com o Mil Folhas

Hoje de manhã passei na mesma confeitaria onde passo todas as manhãs para comprar o pão. E como em todas as manhãs em que passo na mesma confeitaria lá está ele a mirar-me: o suculento Mil Folhas com as suas folhinhas macias e finíssimas, qual vestido semi-transparente a deixar entrever, com alguma dose de erotismo culinário, o creme de chocolate.

Esta versão "Cláudia Jacques com um toque de Xica da Silva" já se afigura de per si de difícil resistência. Mas hoje o efeito alucinogénico do desmame glicémico atingiu o auge: o filho da mãe do bolo falou.
Juro que falou. Hoje fitou-me pelo vidro da montra e disse: "Anda. come-me se tens coragem."
Ao que eu respondi: "Nem que fosses a Diana Chaves".
Obviamente, menti-lhe.
Porque ainda consigo discernir que aquilo é um Mil Folhas.

No fim de contas, não o comi. Mas temo o dia em que vou mesmo confundir o Mil Folhas com a Diana Chaves, o Pastel de Nata com a Soraia Chaves ou a Bola de Berlim com a Catarina Furtado, e é ver-me a correr estrada fora com a caixa cinzenta de plástico cheia de bolos na cabeça, qual peixeira canibal com uma canasta de sereias.

CA

PS: Não sei porquê, mas olho para o que acabei de escrever e sinto que devo ter substituído os bolos por qualquer coisa que rima com "margarina".
Cheira-me que sim...

1 comentário:

Anónimo disse...

Ah valente!

Cláudia.